Abaixo apresentamos o relato de Laura Waisbich, que ingressou no curso em 2005 e, hoje em dia, trabalha na ONG Conectas. Seu e-mail é laura.waisbich@conectas.org.
Ingressei no curso de Relações Internacionais em 2005 e durante meus primeiros anos busquei me envolver com as mais variadas atividades extracurriculares. Integrei grupos de estudo, viajei cidades do Brasil participando modelos de simulação e fiz micropolítica no Centro Acadêmico (CARI) e na Federação dos Estudantes de Relações Internacionais (FENERI).
Desde cedo comecei a estudar um tema específico: nações e povos sem Estado. Esta paixão me rendeu um convite para uma conferência em Taiwan, uma Iniciação Científica, um estágio e, posteriormente, uma dissertação de Mestrado.
Em 2007 fui aprovada no Programa de Diploma Integrado PUC-SP/Sciences Po e me mudei para a França, onde cursei 1 ano no Campus Euro-Latino-Americano da Sciences Po em Poitiers e 2 anos de Master Recherche Relations Internationales em Paris. Fiz meu mestrado com ajuda da generosa Bourse Eiffel, uma bolsa que me possibilitou fazer belas pausas na minha rotina de horas a fio na biblioteca. Em 2010 defendi minha dissertação de mestrado sobre a mobilização transnacional de minorias étnicas e creio que fechei este capítulo de dedicação quase exclusiva a um único tema.
Olhando para trás, tenho a certeza que a decisão de partir nesta aventura mudou minha maneira de ser e agir. Mais do que dois diplomas, o Programa ampliou minha compreensão do mundo que nos rodeia, me deu novas ferramentas para analisá-lo e, sobretudo, uma vontade imensa de transformá-lo.
Desde então, almejo ser uma profissional capaz de aliar pesquisa e ação política. Fui primeiro aprendiz de lobista em cidades cosmopolitas ao estagiar em duas ONGs internacionais, trabalhando com prevenção de conflitos e direitos humanos. O primeiro estágio foi em Bruxelas, na Unrepresented Nations and Peoples Organization (UNPO), e o segundo em Nova York na International Federation for Human Rights (FIDH).
Voltei para o Brasil em 2011; voltei com mais dúvidas do que certezas quanto ao mercado de trabalho que encontraria por estas bandas. Hoje o Brasil se vê (e é visto) como um global player emergente, mas ainda tem muito o que caminhar para consolidar o campo de profissionais brasileiros de relações internacionais que dará sustentação a este protagonismo que se anuncia. E cá estamos para ajudar a construir este campo.
Sou atualmente Pesquisadora Assistente do Núcleo de Cidadania e Desenvolvimento (NCD) do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) e Assistente Editorial da Sur – Revista Internacional de Direitos Humanos na Conectas Direitos Humanos. Considero esta dupla rotina de trabalho minhas primeiras experiências de emprego formal. Apesar de minhas atividades serem mais intimamente ligadas ao campo das políticas públicas do que da política internacional, considero que indiretamente ambos os trabalhos me permitem pensar e atuar para que a política externa brasileira se torne uma política pública mais inclusiva e democrática.
Tenho planos de doutorado e ainda sonho em ser funcionária internacional. Por vezes flerto com a diplomacia, mas acabo lembrando de algo que aprendi nas minhas andanças pelo mundo: é possível agir em política internacional fora do aparelho do Estado.
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