Dando continuidade à programação da XII Semana de Relações Internacionais da PUC-SP, organizada pelo Centro Acadêmico Barão de Rio Branco, que tem como tema “marcos das Relações Internacionais. Soberania e Justiça na Configuração Global Contemporânea”. Na noite de quarta (10/09) os palestrantes convidados discorreram sobre a Rússia e seu entorno Geopolítico
A mesa foi mediada pelo professor da casa, Tomaz Paoliello, doutorando do programa de pós gradua
ção Santiago Dantas e especialista em conflitos internacionais. Como palestrantes participaram o Prof. Dr. Ângelo Segrillo, que é professor de história contemporânea com ênfase em Ásia, na Universidade de São Paulo, tendo concluído seu mestrado no Instituto Pushkin de Moscou, sendo um especialista na Rússia e ex-URSS euroasiática e o Prof. Dr. Fabiano Mielniczuk, que teve como tese de mestrado a “Identidade como Fonte de Conflito: As relações entre Ucrânia e Rússia no pós-URSS”.
Primeiramente, o professor Ângelo apresentou elementos históricos essenciais, segundo ele, para a compreensão da atual conjuntura geopolítica da Rússia. Diferente do Brasil, a nacionalidade na região não é definida pelo Jus Soli, o lugar em que a pessoa nasce, mas pelo Jus Sanguinis, ou seja, a nacionalidade é definida pela ascendência do individuo. Fato que, segundo o historiador, pode gerar potenciais conflitos a exemplo do caso da Ucrânia, que tem uma população de 17% de russos. Outro ponto importante destacado por Ângelo é a tradição histórica russa de possuir um Estado forte e centralizador, desde os tempos do Czar até a URSS e agora também com Putin.
Fabiano Mielniczuk, sem desprezar os elementos históricos, procurou trazer o debate mais para o âmbito das análises da área de Relações Internacionais. Ressaltou o fato que, com a extinção da URSS, 25 milhões de russos passaram a condição de minoria em muitas das ex-repúblicas soviéticas. Mielniczuk fez uma crítica ao modo como a mídia e a academia ocidental lidam com o presidente russo Vladimir Putin e chamou atenção para a busca de fontes alternativas de informação. De acordo com o especialista, a Ucrânia mantinha uma conduta pragmática tanto nas suas relações com a Rússia, país com o qual possui ligação histórica e é o seu principal parceiro comercial e fornecedor energético, quanto com a União Europeia, que com a crise econômica precisava diversificar e ampliar seus parceiros comerciais.
Com o decorrer do debate a discussão acabou convergindo para o conflito na Ucrânia e as forças envolvidas neste. Durante a década passada houve uma tentativa de aproximação com a União Europeia, mas devido às condições impostas, que eram prejudiciais ao país do leste europeu, as negociações não progrediram. Com a recusa por parte do presidente Yanukovich de assinar um acordo com a União Europeia e devido a um descontentamento por parte da população com seguidos governos corruptos eclodiu uma onda de manifestações no país que levaram a derrubada do governo e a ascensão de grupos extremistas. Na parte ocidental grupos de extrema direita ultranacionalistas querem um rompimento com a Rússia, são essas pessoas que compõem a Guarda Nacional, que luta contra o outro grupo extremista do país, de origem russa, que querem se separar do governo central de Kiev.
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