No ano passado, foram 219 demitidos, mais que o triplo dos casos de 2009
Demissões ocorreram em razão de vários tipos de irregularidade, como corrupção; na PM, total de expulsões recuou
ROGÉRIO PAGNAN AFONSO BENITES DE SÃO PAULO
Explodiu o número de policiais civis expulsos da instituição em São Paulo. Números da Secretaria da Segurança Pública obtidos pela Folha mostram que foram 219 demissões na Polícia Civil no ano passado – mais que o triplo dos casos registrados em 2009 (64). Na lista estão delegados, investigadores e escrivães demitidos por variados tipos de irregularidade, como crimes de corrupção. Já as demissões na Polícia Militar seguiram no sentido contrário nesse mesmo período: de 259 para 229. É a primeira vez na última década que as demissões nas duas polícias ficam praticamente empatadas. Historicamente, o número de demissões na PM sempre foi maior, até porque a diferença entre os efetivos das duas polícias é muito grande. A PM tem mais de 95 mil homens, enquanto a Civil tem cerca de 35 mil (incluindo a Polícia Científica). Em 2004, por exemplo, a cada policial civil demitido em São Paulo, quatro PMs também foram exonerados. Esse aumento de demissões na Polícia Civil coincide com a mudança na Corregedoria -órgão responsável por investigar a atuação dos policiais. Em 2009, ela deixou de ser subordinada ao delegado-gera l e passou a responder diretamente ao secretário da Segurança. A presidente da associação dos delegados, Marilda Pinheiro, disse concordar com o fortalecimento da Corregedoria e que a polícia deve mesmo “cortar a própria carne”, mas afirma que pode estar havendo “excessos”. “Parte das demissões está sendo revertida na Justiça”, diz a delegada, que afirma não ter números sobre isso. O subcorregedor da PM, tenente-coronel Edson Silvestre, disse que a instituição é muito rigorosa. “Desafio qualquer um a mostrar uma instituição que demitiu mais do que a PM de São Paulo”. Para José Vicente da Silva, especialista em segurança, o crescimento de expulsões na Polícia Civil é reflexo da mudança da política adotada pela cúpula da instituição. Antes, segundo ele, a política era demitir um policial civil só após uma decisão da Justiça. “É um absurdo, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse. Com is so, continua, os casos passaram a ser concluídos. “Aumentaram muito as demissões porque tiraram as teias de aranha dos processos parados indevidamente na Corregedoria. Havia uma tolerância muito grande com infratores da lei e da ética.” Colaborou EDUARDO GERAQUE
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