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CINCO ANOS E HORIZONTES FRÁGEIS: GENEVA TALKS SOBRE A GUERRA SÍRIA

As dinâmicas e processos do conflito sírio completam cinco anos neste mês. No começo de 2016, foi aberto o Geneva III – uma reunião dos principais poderes globais para tratar da Síria; a conversa, no entanto, foi adiada. Com a nova data se aproximando, a notícia de Salih Dogan e Emre Turkut, pretende articular três principais motivos do labirinto que caracteriza o ajuntamento. Em síntese, essas três razões são: a classificação da Rússia como um parceiro não-confiável para essa negociação; a falha de Políticas Externas das grandes potências no país e por fim, o não consenso sobre quais países e grupos seriam convidados e participariam do Geneva III. Esse tripé problemático constitui a argumentação dos autores e parece produzir um guia para o sucesso da Geneva Talks aqui em jogo. Analisada com mais cuidado, entretanto, ela pode ser desconstruída segundo os próprios contextos internacionais que influem na Guerra.

A primeira questão, por exemplo, traz a Rússia como fundamental obstáculo das negociações, o texto caminha afirmando que os interesses nacionais russos atrapalham qualquer tipo de acordo. Sem balanços, a Rússia é uma das peças mais importantes do xadrez que constituí o cenário sírio, mas contra ela, estão os importantíssimos poderes do Ocidente que, assim como Moscou, se articulam de acordo com seus interesses nacionais (o fechamento das fronteiras de alguns países da União Europeia para o fluxo dos refugiados sírios é uma expressão disso). A abordagem das potências ocidentais, especialmente dos EUA, em relação ao Oriente Médio repete-se na Síria. O apoio à oposição acompanha falhas da abordagem ocidental, que visa garantir seus interesses através desse mecanismo – sem uma efetiva intervenção. Quando, por exemplo, o governo usou armas químicas em um bombardeio nos subúrbios de Damasco, em 2013, Obama discursou atacando Assad e afirmou que o sírio havia cruzado a linha, entretanto pouco se fez perto da ameaça destacada pelo presidente estadunidense. As tentativas de intervenção eram travadas por diferentes motivos, de acordo com interesses, e possibilitavam a forte sobrevivência da Guerra Civil.

Sublinha-se na notícia a construção de um legado maligno caso não haja resoluções para a Síria, entretanto os incontáveis legados negativos já construídos decorrentes da violência de intervenções não podem ser ignorados (ainda mais pelos autores, como pesquisadores de Direitos Humanos e Relações Internacionais). Destaca-se também, o perigo de fechar acordos rasos visando só a resolução da ordem política, a crise humanitária tem que ser vista como principal componente. Com certeza, as muitas mortes da turbulência síria – estima-se 470 mil mortos, conforme dados do Centro Sírio para Pesquisa Política – deveriam levar os atores a resolverem a questão há muito. No entanto, o tom da notícia condena que os peace talks sejam transformados em processos políticos. Mas em que medida esse processo não seria político se tudo o que ele envolve é a política de vários componentes, Estados e a própria política interna? Existe algum nível desse conflito que não envolva totalmente a política internacional?


Is there any hope for a peaceful result to the Geneva talks on Syria?

SALIH DOGAN and EMRE TURKUT 8 March 2016

If a lasting peace is to be achieved, the main motivation behind the talks cannot be simply ‘to restore political order.’

geneva talks

The Geneva talks that began on 29 January aiming to end the civil war in Syria were suspended and will be re-opened on 14 March. By the looks of the current status on the ground internationally, the talks will be trapped in a dead-end street.

It would be extremely wrong to put the responsibility for the suspension of the talks on the shoulders of the High Negotiations Committee (HNC), which is composed of the members of the political and armed opposition in Syria, because the Geneva Talks were a dead duck to begin with. This op-ed will briefly articulate three reasons for this.

First it needs to be clarified that Russia is not a reliable partner to put an end to this humanitarian crisis. The Russian administration started to support the Syrian government with airstrikes in September 2015; they continued to carry out airstrikes in Syria while a number of peace talks were on-going in Geneva a while ago. It goes without saying that their presence in Syria hampered peaceful international efforts.

Moreover, as long as Russia keeps its involvement in the Syrian quagmire dependent solely on national interests rather than promoting a humanitarian point of view to stop the civil war, there is no point gathering people in Geneva to find solutions. If this continues to be the case, we will be reading more news about civil casualties in Syria.

If peace is yearned for in Syria, first of all, the Syrian government and all opposition groups must have a seat at the table without any wrangling. However, after five years of great suffering, these two parties, claiming to represent the Syrian people, do not have enough courage and desire to build a peaceful future for Syria.

Secondly, we have witnessed many high-profile foreign policies fail in Syria. Although analysing these failures is not the objective of this piece, we would like to draw attention to one point: in the first two heated years of the Syrian war, the Islamic State in Iraq and Levant (ISIL) was a vague threat and Bashar al-Assad was a “hostis humani generis” (enemy of mankind) according to western countries. In this vein, they backed the Syrian opposition, never articulating a need for “peace talks” at the time.

When Assad maintained power and the ISIL became the ultimate threat in the region, making them the top target for western powers, Russia and Syria found no point in initiating a peace process. However, the west has always been adept at disguising their failures, and today their Syrian arguments are dangerously being based on the notion of “the lesser evil”, with the international media unsurprisingly covering many stories about western leaders stating that ‘Syria with Assad is more tolerable than a Syria under the dominance of ISIL’. There is no doubt that a so-called ‘Geneva III’ process formed by this western vision would not pan out.

In the current refugee crisis, the west (specifically the EU) has tried to ‘bribe’ Turkey to close the borders and keep the millions inside the country, rather than analyse the underlying reasons for the human flood and making long-term plans. This, indeed, reveals the mentality of the west towards the Syrian crisis.

Thirdly, there was no consensus on which countries and groups would be invited and participate in the Geneva talks. As many researchers observed, the Syrian opposition is not monolithic but consists of many dissimilar groups, and some of them are not currently represented in the High Negotiations Committee. This being the case, there are many concerns about the fact that, even if the peace talks were to transform into a ‘political process’, this process may not be embraced on the ground.

Moreover, this implies that the Geneva talks were mainly aimed at getting a (quick and cursory) political deal rather than advancing a framework to address the roots of the Syrian issue. The main motivation behind the Geneva talks cannot be simply ‘to restore political order in Syria’ – more than a quarter of a million people died in the Syrian civil war.

The states who are parties to the Geneva talks must review their approaches regarding Syria once again. They must take responsibility by all means to prevent Syria from becoming a baleful legacy in the history of mankind. Otherwise, Syria will be the ‘Rwanda’ of the 21st century.

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