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Cúpula de Líderes sobre Clima retoma debates ambientais e multilateralismo da política internacional

Por Camila Galvão e Deborah Ferreira - Graduandas em Relações Internacionais pela PUC-SP e membras do PET-RI


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Nas últimas semanas, as atenções se voltaram para o clima de maneira que não acontecia desde dezembro de 2019 na última Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP). O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, promoveu no último dia 22 a Cúpula de Líderes sobre o Clima, marcando a retomada do protagonismo do país no tema, parte da reforma política que o democrata promete fazer para recuperar as rupturas estabelecidas pelos anos de governo Trump que, dentre tantas polêmicas, retirou os EUA do Acordo de Paris, principal tratado internacional com o objetivo de reduzir o aquecimento global.


O encontro virtual organizado por Biden reuniu mais de 40 líderes do mundo todo a fim de retomar os debates sobre o clima frente à urgência do tema e delimitar compromissos das nações para o combate do colapso ambiental. Apesar de não substituir a COP, que está agendada para acontecer novamente em novembro deste ano, a Cúpula de Líderes sobre o Clima foi marcada por discursos comprometidos e repletos de metas que enfatizaram as políticas de proteção do meio ambiente e de redução das emissões de gases de efeito estufa, expondo um propósito comum entre as lideranças.


Os EUA, como já colocado, visam voltar às discussões internacionais sobre o clima, reforçando o multilateralismo e recuperando a imagem do país pós-Governo Trump. O presidente Joe Biden comunicou que o objetivo do país é diminuir em 50% as emissões até 2030 e salientou a necessidade de criar uma economia verde, com infraestrutura e empregos sustentáveis.


A China é responsável por 28% das emissões de carbono, considerado o maior país poluidor. Contudo, o país tem alcançado seus compromissos, como o objetivo de redução de 40-45% da emissão de carbono por unidade de Produto Interno Bruto entre os anos de 2005 e 2020. No mais, tem-se o propósito de elevar essa redução para 60-65% em 2030. Na Cúpula, o presidente Xi Jinping afirmou que o país começará a reduzir o consumo de carvão entre 2026-2030 e que pretende se tornar neutra em carbono até 2060.


Ambos os países se declararam “comprometidos a colaborar” na luta contra o aquecimento global. Em um comunicado de Washington e Pequim, algumas medidas de curto prazo foram anunciadas a fim de fortalecer os investimentos e os financiamentos internacionais, para apoiar a transição à energia verde nos países em desenvolvimento. Além disso, prevê a eliminação gradual da produção e o consumo de hidrofluorcarbonetos.


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Os EUA e a Índia também declararam uma nova parceria para o Clima e Energia Verde 2030 a fim de mobilizar investimentos em tecnologia verde e possibilitando colaborações verdes. Ram Nath Kovind, presidente da Índia, enfatizou em seu discurso uma mudança de estilo de vida nas ações de combate às mudanças climáticas "(...) em alta velocidade, em larga escala e de alcance global”.


Dias antes da Cúpula, o Conselho da União Europeia e o Parlamento Europeu chegaram a um acordo sobre a Lei Europeia do Clima, instituindo uma meta vinculativa de redução de carbono até 2030 e com o propósito de atingir a neutralidade até 2050. Além disso, estipulou um corte líquido das emissões de 55%. Nesse sentido, durante o evento, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, comunicou que as metas de redução das emissões ganham força de lei, mas afirmou que assumir novos compromissos é incerto por parte da União Europeia.



Por fim, Vladimir Putin, presidente da Rússia, pode propor para a COP26 a introdução de termos e condições para o investimento estrangeiro em projetos de energia limpa. Além disso, o país pretende aumentar a quantidade de energia de fontes de baixo carbono, como a energia nuclear, e afirmou que há um plano para precificar o carbono.


Com tudo isso em vista, podemos ressaltar que a Cúpula de Líderes sobre o Clima revela um importante movimento das potências ao alinharem as trajetórias de emissões líquidas zero para 2030, além de suspenderem o financiamento de carbono e reforçarem uma cooperação global em prol do clima e o multilateralismo. Além disso, vale notar a presença de metas econômicas que demonstram esse movimento por uma economia verde no futuro.


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